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Levantamento Socioeconômico do Assentamento Vale do Amanhecer

JURUENA - MT

1. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

A pesquisa foi efetuada através de coleta de informações de campo, feita em forma de entrevistas com agricultores no Assentamento Vale do Amanhecer, no município de Juruena-MT, somada a alguns registros fotográficos.

A pesquisa foi realizada em 171 propriedades do Assentamento Vale do Amanhecer. Deste total, 144 responderam ao questionário proposto e 27 não foi possível levantar os dados pelos seguintes motivos:

          · Propriedade com porteira trancada

          · Proprietário desconhecido

          · Proprietário não reside no local e não localizado

         · Propriedade sem ocupação

Através das 144 pesquisas levantadas, pode-se constatar que a população residente no assentamento é de 374 pessoas.

Para a realização dessa pesquisa, foi elaborado previamente um roteiro constituído de perguntas abertas e semiabertas. Este questionário foi criado e discutido pela equipe do projeto que, após algumas ponderações, o aprovou.

Para responder a este formulário, procuramos uma única pessoa de cada propriedade, com conhecimento suficiente para fornecer as respostas às perguntas formuladas. Geralmente os responsáveis pela propriedade se prontificavam para a tarefa. Consideramos como responsável pela propriedade, ou proprietário, as pessoas que detém a posse e respondem pelo lote adquirido no assentamento.

O roteiro da entrevista se encontra norteada em três eixo principais: social, econômico e ambiental e teve como objetivo conhecer as condições sociais do Assentamento, tendo como indicadores a educação, a saúde e habitação.

A entrevista teve como proposta, também, a obtenção de informações sobre outros indicadores que enfocassem aspectos econômicos da agricultura familiar e, para tanto, foram definidos os seguintes pontos: produção agrícola e assistência técnica. Como a produção agrícola no assentamento possui variantes de cultura e clima, para que obtivéssemos informações aceitáveis, seria necessário um acompanhamento das atividades familiares por um período mais longo de observação e, daí então, formar a gestão da propriedade.

Para a construção de um “retrato” da situação ambiental da agricultura familiar, foram estudados alguns outros indicadores como: forma de trabalho, água e destinação dos esgotos e lixo. Compreende-se que estes parâmetros são essenciais para se ter uma visão geral da atual situação da agricultura familiar neste assentamento.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral.

Considerando o contexto explanado anteriormente, pretende-se por meio desta pesquisa analisar a perspectiva de sustentabilidade no desenvolvimento da agricultura familiar, considerando indicadores do âmbito social, econômico e ambiental, sem desprezar elementos que se encontram intrinsecamente ligados.

2.1. Objetivos Específicos

Levando-se em consideração a premissa do objetivo geral, definiu-se os seguintes objetivos específicos desta pesquisa:

a. Verificar características gerais dos agricultores familiares, considerando principalmente os aspectos no âmbito social, ambiental e econômico;

b. Verificar as principais atividades produtivas, não produtivas e de comercialização dos agricultores;
c. Investigar os principais entraves e possibilidades que permeiam as atividades agrícolas dos agricultores.

3. INDICADORES E DISCUSSÕES

3.1. Indicadores Sociais

3.1.1. Do Proprietário. Faixa etária, gênero.

3.1.1.1. Faixa etária

Dos proprietários que responderam ao questionário, podemos constatar a seguinte faixa etária: 2 (1,4%) com idade inferior a 30 anos, 22 (16,3%) na faixa entre 30 e 40 anos, 37 (25,3%) na faixa entre 41 a 50 anos, 40 (27,8%) na faixa entre 51 e 60 anos e 42 (29,2%) com idade superior a 60 anos.

A análise da distribuição etária revela uma população em processo de envelhecimento, com as faixas etárias de 51 a 60 anos e acima de 60 anos concentrando o maior número de habitantes (40 e 42 pessoas, respectivamente). Essa tendência é evidenciada pela baixa proporção de indivíduos com menos de 30 anos (apenas 2 pessoas).

Essa dinâmica populacional pode ser resultado de fatores como migração de jovens em busca de oportunidades e acesso limitado a serviços essenciais.

O envelhecimento da população no assentamento pode gerar desafios relacionados à saúde e à força de trabalho nas propriedades

3.1.1.2. Gênero

Quanto ao gênero dos proprietários do assentamento, a predominância é para o sexo masculino como se pode ver no quadro abaixo.

Analisando a distribuição de gênero entre os proprietários de lotes em um assentamento rural revela uma significativa disparidade de gênero, com homens representando a grande maioria dos proprietários. Em uma análise mais aprofundada, é importante abordar essa desigualdade através de políticas e programas que promovam a igualdade de acesso à terra, o empoderamento das mulheres, o financiamento acessível e o apoio às mulheres proprietárias de terras.

3.1.1.3. Raça

Pesquisando entre os proprietários a respeito da raça, obtivemos o seguinte resultado: 10 (7%) se consideravam pretos, 57 (40%) disseram ser brancos e 75 (52%) pardos. Dois não quiseram declarar.

3.1.1.4. Estado Civil

Em pesquisa a respeito do estado civil dos moradores, encontramos os seguintes dados: 15 (11%) eram solteiros, 88 (62%) casados, 8 (5%) viúvos, 22 (15%) em união estável, 8 (5%) divorciados e 3 (2%) não quiseram declarar.

3.1.1.5. Naturalidade

Foi também pesquisado sobre o estado de origem desses proprietários e os dados encontrados apontam que 34 (24%) são naturais do estado do Paraná, 25 (17%) são do Mato Grosso, 23 (16%) de Minas Gerais, 9 (6%) de Rondônia, 8 (5%) de São Paulo, 7 (4%) de Goiás, 6 (4%) de Santa Catarina, 4 (2%) do Rio Grande do Sul, 4 (2%) do Espirito Santo, 4 (2%) do Mato Grosso do Sul, 3 (2%) da Bahia, 3 (2%) do Ceará, 1 (1%) do Pará, 1 (1%) do Maranhão, 1 (1%) de Pernambuco e 11 (14%) não declararam.

3.1.1.6. Religião

Em se tratando de religião, foram os seguintes dados encontrados: 80 seguem a Religião Católica, 47 são evangélicos, 4 são adventistas, 1 da Igreja Universal, 1 da Cristã do Brasil, 3 pessoas declararam que seguem outra religião, 3 declararam não seguir nenhuma religião e 5 não quiseram responder.

3.1.1.7. Ocupação Principal

Dos 144 proprietários que participaram da pesquisa, 78 (54%) são agricultores, 45 (32%) são Pecuaristas, 2 (1,5%) são Cuidadores, 2 (1,5%) são Diaristas, 1 (0,7%) é Pedreiro, 1 (0,7%) Pastor, 1 (0,7%) Técnico Agrícola, 6 (4%) são aposentados e 9 (4,9%) não responderam.

3.1.1.8. Participação em programas do governo

Foi levantado através da pesquisa que 75 (52%) dos entrevistados não possuíam qualquer tipo de benefício do Governo Federal e 69 (48%) estão inscritos e recebem benefícios. Entre os que participam foi colhido os seguintes dados:

3.1.2. Habitação e Estruturas na Propriedade

3.1.2.1. Habitação

As casas dos proprietários no assentamento são bem estruturadas, sendo a maioria construídas em alvenaria como se pode constatar no quadro abaixo. Em menor proporção encontramos residências mistas e de madeira.

3.1.2.2. Outras Estruturas

Nas propriedades visitadas foram verificadas outras estruturas, além das residências, que serviam como depósito ou mesmo para criação de animais como galinhas e porcos, normalmente criados para consumo próprio das famílias. Estas estruturas, presentes na maioria destas propriedades tem a seguinte composição:

3.1.3. Educação (escolaridade, uso de internet e transporte)

A presença de estruturas complementares em propriedades rurais revela que a criação de animais para consumo próprio e o armazenamento de ferramentas e produção são práticas comuns entre as famílias do assentamento. Essas atividades podem contribuir para a segurança alimentar, diversificação da renda e desenvolvimento das famílias. É importante continuar investigando essas práticas e buscar maneiras de apoiá-las de forma sustentável.

Verificou-se através da pesquisa que a grande maioria dos proprietários não tem qualquer estudo ou, se possuem, não completaram o ensino fundamental. 111 (77%) estão nesta faixa N1 (fundamental incompleto). Dos 144 , 28 (19,5%) estão na faixa N2 (fundamental completo e médio incompleto), 4 (2,7%) estão na faixa N3 (ensino médio completo e superior incompleto) e 1 proprietário (0,8%) possui o superior completo. Ver quadro abaixo

3.1.3.1. Escolaridade

3.1.3.2. Acesso a Internet

O baixo nível educacional dos proprietários de terras no assentamento é um desafio que precisa ser enfrentado para promover o desenvolvimento rural sustentável. Através de investimentos em educação, programas de EJA, apoio financeiro e incentivo à participação em cursos e treinamentos, é possível ampliar o acesso à educação e melhorar as oportunidades de vida dos proprietários e suas famílias.

O acesso a internet é quase 100% pela facilidade com que é oferecido aos proprietários que a acessam também para se comunicar via celular. Observou-se que apenas 4 proprietários não possuem internet por ter sua residência na cidade ou por ter sua propriedade arrendada ou inativa.

3.1.3.3. Meio de Transporte

O acesso à internet é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da agricultura familiar e para a melhoria da qualidade de vida das famílias rurais.

Os dados demonstram que a grande maioria das propriedades no assentamento já possui acesso à internet, seja através de cabos óticos ou torre de transmissão, que representa uma oportunidade significativa para o desenvolvimento da região.

É importante continuar investindo na expansão da infraestrutura de internet nas áreas rurais, na promoção da alfabetização digital e na criação de programas que capacitem os agricultores a utilizar a internet de forma eficaz para seus negócios e em seu dia a dia.

Foi investigado através dos formulários qual era o meio de transporte utilizado para se locomoverem dentro do assentamento e quando precisavam ir até a cidade. Na oportunidade pode se verificar que não havia qualquer veículo coletivo, apenas particulares.

A grande maioria dos proprietários, 78 (57%), levados pela praticidade e economia, utilizam-se de carro e moto. Uma opção para enfrentar as estradas em péssimas condições dentro do assentamento. Outras 36 (26%) dispõe só de moto para se locomoverem, enquanto 23 (17%) utilizam somente o carro.

3.1.3.4. Transporte Escolar

A prefeitura coloca a disposição, no assentamento, de um veículo para transporte de alunos até a escola, porém nem todos fazem uso por não terem na família crianças em idade escolar. Desta forma podemos verificar, nos dados da tabela abaixo, que o serviço existe e a maioria das pessoas utilizam deste transporte para enviar seus filhos até a escola

3.1.4. Saúde

De acordo com as respostas a esse questionamento, as pessoas do assentamento têm acesso ao sistema de saúde que, embora precário, atende a população local. Seja através do SUS, na sua grande maioria, quanto de forma particular por aqueles que utilizam em conjunto com o sistema.

3.1.4.1. Acesso a Saúde

3.1.4.2. Estado atual de saúde

A maioria das pessoas que moram no assentamento demonstraram um bom estado de saúde e apenas uma pequena parcela, geralmente formado por idosos, declararam algum tipo de doença como problema de coluna, diabete e outros.

3.1.4.3. Pessoas com deficiência na família (PCD)

Quando solicitado a informação a respeito de portadores de deficiência na família que residem no assentamento, contatou-se que apenas 31 pessoas possuem PCD.

3.1.5. Composição familiar (pessoas na propriedade)

Uma outra questão que passou pela sondagem foi a respeito de pessoas que residem nas propriedades. Pode-se verificar que em 15 propriedades mora apenas uma pessoa onde a família mora na cidade, é um cuidador ou a propriedade é arrendada. Em 69 propriedades mora um casal, em 26 propriedades moram, geralmente um casal e um filho. Em 21 propriedades moram 4 pessoas. Em 7 propriedades moram 5 pessoas e em 4, moram 6 pessoas. Nesta pesquisa foi observado que em todos os casos, as pessoas moram numa mesma residência da família.

Das respostas coletadas nos formulários a respeito da composição familiar, podemos traduzir em dados, detalhes desta população.
Das pessoas que residem nas propriedades, além dos proprietários cujos dados se encontram nos itens anteriores, obtivemos os seguintes valores:

· Residência

o na Propriedade: 227

· Idade

o 0-14 anos: 62

o 15-25 anos: 32

o 26-50 anos: 68

o Mais de 50 anos: 65

· Ocupação:

o Agricultor: 66

o Diarista: 03

o Professor: 03

o Empregado: 01

o Dona de casa: 08

o Técnico: 02

· Nível escolar:

o Nível 1: 126

o Nível 2: 36

o Nível 3: 39

o Nível 4: 07

o Nível 5: 03

o Analfabeto: 03

· Renda:

o Até um salário mínimo: 63

o De 1 a 3 salários mínimos: 18

o Mais de 3 salários: 02

· Raça:

o Preto: 05

o Pardo: 101

o Branco: 103

o Indígena: 0

o Amarelo: 0

· Grau de parentesco:

o Esposa/companheira: 108

o Pai: 02

o Mãe: 02

o Filhos: 84

o Afilhado: 02

o Neto: 15

o Amigo: 04

o Nora/genro: 03

o Sogro/sogra: 03

· Gênero

o Masculino: 83

o Feminino: 144

3.2. Indicadores Econômicos

3.2.1. Situação das propriedades quanto a produtividade

O uso da terra nas propriedades revela um cenário com predominância da pecuária e baixa diversidade de culturas agrícolas, mas também demonstra um compromisso com a preservação ambiental. É importante promover a intensificação sustentável da pecuária, a diversificação da produção agrícola e o fortalecimento da proteção das áreas de preservação permanente para garantir o uso sustentável da terra e o desenvolvimento rural equilibrado.

3.2.2. Produção

A análise da diversificação da produção nas propriedades rurais revela um cenário com predomínio da pecuária e baixa diversificação de culturas agrícolas.

É importante incentivar a diversificação da produção, com foco na agricultura familiar, para aumentar a renda das famílias, melhorar a segurança alimentar, reduzir riscos e promover a sustentabilidade ambiental das propriedades. Através de políticas públicas adequadas, programas de incentivo e apoio à agricultura familiar, é possível fortalecer o desenvolvimento rural e construir um futuro mais próspero e sustentável para as comunidades rurais.

3.2.3. Renda com Produção

A análise da distribuição de renda das famílias no assentamento revela uma significativa desigualdade, com a maioria das famílias concentrando-se nas faixas de renda mais baixas.

É importante implementar políticas públicas direcionadas, promover a diversificação da produção, fortalecer a agricultura familiar, melhorar o acesso ao mercado e investir em educação e capacitação para reduzir a desigualdade de renda, promover o desenvolvimento rural sustentável e melhorar a qualidade de vida das famílias assentadas.

3.2.4. Uso de Máquinas/Equipamentos e despesas com produção

A análise do uso de máquinas e equipamentos nas propriedades rurais revela um cenário em processo de mecanização, com potencial para aumentar a produtividade, reduzir custos e melhorar as condições de trabalho dos agricultores.

É importante considerar os desafios sociais da mecanização e implementar políticas públicas que garantam o acesso à tecnologia, a assistência técnica e a formação profissional para as famílias da agricultura familiar, promovendo um desenvolvimento rural sustentável e inclusivo.

3.2.5. Despesas na propriedade

Essa categoria representa os custos com mão de obra contratada de terceiros, como trabalhadores rurais, diaristas ou prestadores de serviços. O custo médio por propriedade pode ser útil para estimar os gastos futuros com mão de obra, mas é importante considerar a variabilidade entre as propriedades, que podem ter diferentes necessidades de mão de obra.

O fornecimento de energia elétrica que serve o assentamento, é realizado pela Energiza e o custo médio por propriedade pode ser utilizado para comparar o consumo de energia entre as propriedades e identificar oportunidades de economia. É importante considerar fatores como o tamanho da propriedade, o tipo de produção e a quantidade de equipamentos elétricos utilizados para avaliar o consumo de energia de forma mais precisa.

Essa categoria representa os custos com insumos utilizados na produção agrícola, como sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas e ração animal. O custo médio por propriedade pode ser utilizado para comparar os custos de produção entre as propriedades e identificar oportunidades de otimização. É importante considerar fatores como o tipo de cultivo, a produtividade e os preços dos insumos para avaliar os custos de produção de forma mais precisa.

Essa categoria representa os custos com manutenção de máquinas e equipamentos agrícolas. O custo médio por propriedade pode ser utilizado para estimar os gastos futuros com manutenção e avaliar a necessidade de investimentos em novos equipamentos.